Tá vendo aquele edifício, moço?Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição, era quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje, depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
Que me diz desconfiado:
Cê tá ai admirado, ou tá querendo roubar?
Meu domingo está perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio, moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Veio pra mim toda contente:
Pai, vou me matricular
Mas me diz um cidadão:
Criança de pé no chão aqui não pode estudar
Essa dor doeu mais forte
Nem sei porque deixei o norte
Então me pus a dizer
Lá a seca castigava
mas o pouco que eu plantava
tinha direito a colher
Tá vendo aquela igreja, moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Mas ali valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse:
Rapaz, deixe de tolicenão se deixe amedrontar
fui eu quem criou a terra
enchi os rios e fiz as serras
não deixei nada faltar
hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Essa é uma música interpretada pela dupla Edson e Hudson. Ela conta um pouco da trajetória dos nordestinos que construíram grandes edifícios e enormes cidades como São Paulo, e muitos hoje ainda batalham para colocar comida na mesa para seus filhos, trabalham nas construções civis das grandes metrópoles, ganham pouco e nao são reconhecidos pela população das "cidades", como o povo herói que construiu e ainda constrói esses lugares onde moramos. Sem esse povo herói não teríamos os arranha-céus, as estradas, pois quem aceitaria trabalhar debaixo de sol e chuva para cavar buracos, colar tijolos, ficar pendurados em andames para pagar tão pouco e ao final de tudo isso não receber um mero reconhecimento. Valeu povo nordestino pela força e dedicação. Tenho mais que orgulho de correr nas minhas veias o sangue nordestino!!!!Sangue de um povo que luta não só na seca, mas também na terra da garroa, durante os 365 anos, a cada 24 horas...
Senhorita V
Um comentário:
MUITO BOM SEU TEXTO... confesso que no "gazeteiradeplantao" comecei a escrever algo do gênero, mas, não tive forças pra continuar, ficou ali, apenas na letra da música, que, ao meu ver já diz muita coisa...
bjus
fico contente em ver que vc voltou a escrever!
continue assim!
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